Há fotografias que me fazem parar. Quando estou a fazê-las e depois e depois e depois.
Não consigo distanciar-me do que vejo. Mais do que a beleza da composição, do abandono dos capitéis caídos, do perfeito «renascimento» dos arcos, da narrativa hagiográfica dos azulejos, cria-se uma cumplicidade que me faz sentar e pousar a máquina fotográfica ao lado.
Não há outra forma de ver este claustro senão quieta. Fecho os olhos e logo se desenha cada detalhe na memória, cada pormenor do contexto em que o claustro foi construído, o nome das figuras que o cruzaram… tão silenciosas quanto eu. O claustro de D. Miguel da Silva, na catedral de Viseu, que conheço desde sempre. Esta visão complexa, feita de imagem e palavras, de leituras e de memórias, não consigo que passe para a fotografia… esta sedução sempre nova que uma frequência diária de tantos anos nunca transformou em rotina.
Estas fotografias têm dedicatória. Para a Rute Augusto, minha irmã, cúmplice da beleza e da emoção no claustro de Bramante (1500-1504), em Santa Maria della Pace, em Roma, outro lugar de quietude. E para o Miguel Valle de Figueiredo. Bastou uma fotografia dele do claustro, mandado construir por D. Miguel da Silva, para reconhecer tudo aquilo de que falei aqui.
Estas fotografias, que tirei no claustro, são o resultado de tudo isto.
Belo trabalho! 🙂
Desde que não seja gente que se mexa, eu fico feliz! Abraço!
🙂