Quinta e sexta feira, na Universidade do Minho, decorre o colóquio O Imaginário das Viagens. Literatura, Cinema e Banda Desenhada, no auditório do Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH), organizado pelo Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM).
A minha intervenção, com o título À procura de imagens: Roma nas «relações» portuguesas da época barroca, segue o seguinte resumo:
Contrariamente ao que aconteceu no centro da Europa e nos outros países do sul, como a Espanha e a Itália, em Portugal nunca foi impresso nenhum mirabilia, nenhum guia ou descrição da cidade de Roma, destino privilegiado de peregrinos, religiosos, diplomatas, artistas e comerciantes. Mas os manuscritos guardados em arquivos e bibliotecas dão conta de um interesse pelo registo escrito, descrevendo a história, a geografia e as maravilhas da cidade.
Para compensar ausência de guias impressos, mostrando a vontade de descrever a cidade e registar impressões de viagem e da experiência pessoal, respondendo ao pedido feitos por outros, as relações de autores portugueses, produzidas nos séculos XVII e XVIII, procuram imagens da cidade. E se o fazem no sentido imagológico, desenhando o «outro» e «outro espaço», embora de forma pontual e com pouca substância, fazem-no também do ponto de vista visual. Como é que o registo escrito se torna imagem, como dá a ver realidades nunca vistas no contexto da estética barroca? Como é que a produção no âmbito de uma literatura subordinada ao primado da visualidade se encontra na ausência de imagens gráficas? Esta questão e outras que dela decorrem tornam-se mais pertinentes quando lidas no século XXI, quando o Google Earth se torna uma ferramenta essencial e cada um pode efetivamente ver e conhecer a Cidade Eterna no seu computador.
O programa está aqui.
Estrada de prata 