Foi hoje, pelas 16 horas, no Centro de Literatura Portuguesa, a conferência de Vincenzo Russo, professor da Universidade de Milão. O título era mais do que sugestivo e suficientemente provocador: Cartografia conceptual do Barroco e do Neobarroco na literatura portuguesa do século XX.

De uma forma concisa e didáctica, Vincenzo Russo cobriu 5o anos que foram fundamentais para os estudos da literatura barroca em Portugal, desde as polémicas de António Sérgio e António Sardinha, passando por Jorge de Sena, Aguiar e Silva, Ana Hatherly e E. M. de Mello e Castro. Desenhou-se o contexto sul-americano das teorias neobarrocas, a sua influência na Europa, enquanto forma de individualizar objectos artísticos da contemporaneidade num evidente efeito de espelho. Ficou na minha lista de leitura a sua Suspeita do Avesso. Barroco e Neo-Barroco na Poesia Portuguesa Contemporânea, editado pela Quasi, em 2008.
Não convivo bem com a expressão e a teoria do neobarroco. Já li os ensaios de Eugenio d’Ors e de Severo Sarduy, Haroldo Campos e Afonso Ávila, mas nem assim. Se não tenho jeito para estabelecer limites periodológicos, embora reconheça a necessidade didáctica e o faça por questões práticas evidentes, tenho a noção que os conceitos se desenvolvem num contexto que lhes permite ter a densidade e a substância que exigem. Neobarroco? Os contextos repetem-se? A mundividência é a mesma? A repetição de procedimentos formais chega para definir o neobarroco? Será mais do que isso, mas acredito mais num revivalismo saudável e pontual.