O voo das andorinhas

A minha vida é tudo menos rotineira. Já me queixei quando o era, mas na verdade nunca o foi verdadeiramente. Pois é disso que hoje me queixo, de não ter rotina que me permita fazer render mais o meu tempo. Mas também é com isso que me alegro, com a possibilidade de viver sempre novas coisas, novas experiências, de conhecer tanta gente, tantas coisas, tantos lugares. E nunca perder a capacidade de me admirar, de me comover, de ver, de aprender, de transmitir e construir a parte da beleza que me foi dada.

É por isso que gosto de fotografar e escrever. E escrever sobretudo sobre as fotografias que faço.

Aquela hora, em que ia tirar fotografias à apresentação do programa da Queima das Fitas 2013, acabou por se revelar muito mais rica. Antes do evento começar, elas, um bando de avezinhas, maiores e menores, da classe pré-acrobática da secção de ginástica da AAC, fizeram o aquecimento necessário. E eu sentei-me no chão batido pelo sol quente na esplanada do museu e fiquei a vê-las, ágeis e sorridentes, pequenas hastes, rebentos, que se erguiam subitamente, soltas na luz da tarde. Vestidas de negro pareciam andorinhas, prontas a voarem para o telhado da sé velha, ou mais para mais longe, para o curso prateado do Mondego.
Fotografei bastante, mas depois parei e fiquei quieta a vê-las tranformar-se em penas e asas, pétalas, sementes e folhas, metamorfoses e coisas raras da beleza e de um tempo suspenso nas horas mais ternas do dia.

2 opiniões sobre “O voo das andorinhas

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