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Comprava livros num alfarrabista quase no cimo da Rua do Comércio onde passava todos os dias. Contava os trocos que sobravam da mesada e pedia ao dono para mos guardar quando não podia comprá-los. Ele não guardava… mas costumavam estar lá quando eu voltava. Não eram caros, nem eram edições boas, nem antigas, nem especiais, mas eu sabia que a minha mãe gostava daqueles livros azuis quando eu os encontrava. As memórias deixam rasto. E vontades.
A Livraria Alfarrabista Miguel de Carvalho, na baixa de Coimbra, rua Adro de baixo, deixou-me com um brilho nos olhos mal entrei. O João Rasteiro apresentava o novo livro dele, a Sandra já tinha chegado, a Isabel Cristina chamava-me do varandim, o Rui Amado subira para o primeiro andar… hoje não posso, pensei, mas hei-de voltar e demorar-me com os livros, pegar-lhes, desejá-los como um avarento, e fotografar tudo o que o Miguel me deixar.
As fotografias são para o Miguel Carvalho. São poucas, talvez irreflectidas, mas são uma promessa.
Como gosto das tuas histórias e da simplicidade com que as contas!
Tu também contas histórias, Helena! Obrigada :).