Esta citação do Peregrino da América é uma entre muitas na multiplicidade da ficção alegórica e moral do barroco.
Oh caduca belleza! Oh falsa vaidade! Como te considero tão depressa arruinada! De que te serviu a vida estribada em um engano com alentos de uma respiração, se havias de morrer de um suspiro? Ah infeliz! Quem te dissera, há menos de uma hora, que toda esta locução se havia de ver em um silêncio triste! E que todo este garbo e bizarria tão depressa havia de desaparecer como uma exalação que corre; uma seta veloz; uma ave que voa; um peregrino que passa; uma nau que navega; uma ampola de água; uma nuvem que se desfaz; uma flor que cai, e um vento que desaparece!
Nuno Marques Pereira
Compêndio Narrativo do Peregrino da América I, 1939: 284
Mas esta citação nunca mais será igual às outras. Faz parte de um longo excerto que deu corpo a um trabalho de construção emblemática. Para nove sequências fiz nove fotografias (e mais algumas). Esta é a capa da sequência que constitui o trabalho a apresentar na próxima semana.