Como tirar estas fotografias em vinte e oito passos.
Ir à Casa da Escrita para a inauguração da exposição escreler, do Manuel Portela (depois falo sobre isso). Levar a máquina fotográfica. Assistir a uma espantosa performance do Manuel. Tirar bastantes fotografias. Sair mais cedo por causa da viagem. Dar de caras com um sol poente indeciso entre o rio e as pedras da calçada. Decidir que a viagem pode esperar um bocadinho. Sentir a intensidade da luz. Apetecer sentar no chão até ficar noite. Encostar na parede da Misericórdia e sentir o calor da luz. Não me poder encostar à Torre d’Anto por causa das obras… Perseguir os gatos da rua. Perceber que os gatos não gostam da luz do sol poente. Murmurar a um gato por favor, fica aí, no meio do sol poente sobre a calçada. Insultar o gato por ter fugido. Ficar quieta um bocadinho a pensar que já gosto mais desta cidade. Ficar quieta a ver o rio. Ficar mais quieta ainda mas sem fechar os olhos nem fazer um ar romântico. Resolver que fazer um ar de heroína romântica durante uns segundos não seria afinal grande mal e que também ninguém estava a ver, só os gatos. Decidir que descer até à baixa pela Rua do Loureiro pode compensar não ir ao ginásio. Resolver regressar à faculdade pelo Ateneu. Pensar que a Sé Velha ficaria linda revestida de talha dourada. Levantar os olhos para a torre da Universidade e pensar que para a semana começa mais um ano letivo. Desviar o pensamento rapidamente para a Sé revestida de oiro. Pensar que tanta beleza dura tão pouco. Pensar ainda que poder trabalhar com o Manuel Portela deve ser das coisas boas deste ano. Fazer a viagem com o coração largo. Amanhã há de haver mais, seja o que for.
Gostei!
Belas fotos!
Fico contente quando gostas! Abraço.