***
(…) Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem. (…)
Eugénio de Andrade, As palavras.
A sombra das palavras
Devo ter perdido palavras ao longo da vida
E é possível que haja outras que não aprendi.
Já experimentei formas rebuscadas, metáforas escondidas.
Já escolhi o verbo mais simples, o nome mais transparente.
Já disse muito, já falei pouco.
Já sussurrei e já insisti.
Já usei todas as reticências e outros pontos.
E perguntei. E quis saber.
Mas de improviso fico muda
Tropeçada na insuficiência, no limite
De as palavras dizerem que gosto de ti.
Ana de Santa Cruz