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Olhou-me e vi a pergunta surgir-lhe nos olhos. Mas não disse nada. Com o tempo aprendeu que esperar pacientemente traz mais verdade nas respostas.
Ana de Santa Cruz
Demorei, demasiado, mas escolhi a minha melhor fotografia do slideshow. Não é surpresa. Já a tinha publicado no Facebook exactamente com essa indicação. Depois comecei a pensar se a escolha de uma fotografia, entre um grupo diverso, diria alguma coisa sobre mim própria. Ou dirá mais sobre mim todo o grupo que deixei de lado?
Todos sabem como gosto de fotografar plantas, flores e ervinhas. Quase sempre há um ângulo pouco explorado, uma luz diferente, um verde mais intenso, uma cor mais leve, uma textura mais visível, que me prendem a atenção. Não me canso de captar todas as mudanças, de hora a hora, de semana a semana, de estação em estação do ano.
Então, porquê um objecto? Não é qualquer objecto, em primeiro lugar. Barroco, talha dourada, veludo carmesim: é a ideia de tudo aquilo que eu estudo e leio com mais gosto, a literatura barroca. Nesta banqueta, naquela borla pendente, há uma expressão única da elegância e da riqueza procuradas pela mundividência Seiscentista.
Que diz isto de mim? Não sei. No fim de contas é apenas uma fotografia.