Aleg(o)ria

Le plus grand mystère est que nous tirions de nous-mêmes des images assez puissantes pour nier notre néant.
A. Malrauz, La condition humaine.

Falo melhor quando falo do que gosto, daquilo que já se entranhou dentro de mim e continua a fazer-me descobrir coisas novas, desafios diferentes. Foi o que aconteceu ontem, sem saber bem que público teria a ouvir-me. Preparei um texto ambíguo… por um lado cumpria com o rigor académico; por outro, corri o risco de revelar emoções e encantamentos antigos. Foi pior quando o reli em casa. Na Biblioteca correu melhor do que esperava, com um grupo simpático, que me ouvia. E eu sou atenta a esses pequenos sinais que me derrotam rapidamente, quando a voz parece sumir-se e uma música sinistra me diz lá dentro para que te incomodas, menina, ou me animam e me reconciliam com as dúvidas e as horas passadas a escrever  e a ler coisas que pouca mais gente lê.

Chamava-se Natália, mas não guardei os nomes das outras senhoras de quem me despedi no final. Gostava que a Natália me estivesse a ler, agora. Gostava que ela soubesse que o gosto com que ela lê e aquele com que eu trabalho, escrevo e fotografo, é semelhante. Mas o meu é maior. Torna-se maior depois de um abraço como o dela.

A Biblioteca Municipal de Coimbra leva a cabo um trabalho verdadeiramente meritório, com uma equipa muito boa, que alia um vasto conhecimento da área em que trabalha com uma força de vontade que nos chama a participar. Eu quis muito fazer aquela palestra de ontem. Obrigada por me terem feito a vontade!

Um abraço especial à Catarina pelo convite, pelos livros e pelas fotografias. E aquela última boémia também soube muito bem!

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