Das sombras espero sempre a luz reveladora.
Ana de Santa Cruz
O espaço interior é de sombra para os olhos que vêm da luz e do calor. Demorei tempo a perceber a imensidade da catedral, mas cedo entendi bem a forma como a voz popular se referiu à decisão dos cónegos de Sevilha em 1410 e que levou à construção deste espaço surpreendente: “Hagamos una Iglesia que los que la vieren labrada nos tengan por locos” (Catedral de Sevilha).
Da sombra, os olhos tendem a fixar-se nas capelas iluminadas, na capela mor e no coro, nos arcos góticos e nos anjos dourados. Um movimento vertical, onde há tempo para todo o engenho e arte.
Da sombra chega-se ao Patio de los Naranjos. Apeteceu-me soltar a água das fontes e vê-la correr pelos canos que desenham o chão. Da mesma sombra sobe-se ao cimo de La Giralda, acompanhando de perto o enrolar das espirais. E os olhos estenderam-se pelo horizonte e prenderam-se aos pormenores de pequenos pátios e terraços. Tempo para tudo.