Fiquei quieta e baixei a máquina fotográfica. E, no entanto, a luz era perfeita, o enquadramento desenhado milimetricamente. Dei dois passos atrás.
Percebi que ela chorava quando vi que os ombros estremeciam, como acontece nos filmes, e quando caíram duas lágrimas, que ela não escondeu, sobre as mãos enroladas no peito. Pareceu-me que ficou muito tempo assim, com os olhos fixos numa chama mais intensa. Depois acendeu duas fiadas de velas, uma a uma, com um ritmo cadenciado que iluminava o candelabro e fazia brilhar os olhos amendoados.
Saiu. Não havia mais ninguém e a luz da tarde batia nos pés do altar lateral, alumiando as açucenas gravadas na pedra. Acendi mais duas fiadas de velas, por ela e por mim. E deixei o recado… é para hoje, não é para daqui a um mês, por favor.