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(…) era em campo de ouro um Pelicano ferindo o peito sobre os tenros filhos, e ao pé dizia esta letra: ‘à custa de minha vida / sustento a de meus cuidados’.
Francisco Rodrigues Lobo, Primavera (Floresta Nona)
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Num contexto cultural e artístico dominado pelo investimento em estruturas visuais de grande impacto, que incluíam as manifestações de “arte efémera” (mesmo que não fosse essa a intenção, como aconteceu com a Basílica Patriarcal ou a Ópera do Tejo, que sucumbiram ao Terramoto de Lisboa), e num contexto literário, em que a utilização da alegoria se tornou comum e desejada, a ficção narrativa não podia ficar alheia a este poder sedutor e útil da imagem.
Inserindo este estudo em trabalhos já realizados (A alegoria na ficção romanesca do maneirismo e do barroco), em projetos em desenvolvimento, e num percurso pessoal de investigação, esta apresentação pretende mostrar a íntima relação entre imagem e narrativa ficcional, tendo em conta questões como as seguintes: os géneros literários ficcionais, a realização da arte efémera em circunstâncias festivas; a construção de espaços, a representação emblemática, a alegoria como procedimento narrativo.
É este o resumo da minha intervenção planeada para o fim do mês no âmbito das Seminar Series do Stirling Maxwell Centre, na Universidade de Glasgow, com o título “Emblematica and fiction: portuguese baroque literature”.
Sara, um dia destes vou começar a pedir-lhe cópias dos seus… er… “conference papers”! 😀
Claro que sim, Nina, sempre que queira. 🙂 abraço!