O meu mundo é redondo e amarelo

Queria que o meu mundo fosse assim, redondo e amarelo. Queria mergulhar nestas pequenas flores e matar a sede com aquela água doce que delas se desprende, lamber das patas este maná que todos os dias me é dado, não sei donde, nem sei como. Queria que não ficasse de noite… que esta luz dourada me aquecesse todas as horas do dia. Queria que os grilos entre a palha seca e as cigarras na oliveira não parassem de cantar nunca, cobrindo os campos de uma toada alegre quase quase melancolia. Queria que este calor intenso não descesse por entre os vales do ribeiro, fazendo o teu rosto velar-se de sombra.

Queria levantar os olhos deste meu mundo amarelo e ver sempre um céu azul, as ervas turbadas pelas ondas do calor, e mais além as águas caírem por entre as rochas, debaixo da ponte. Preferia que caíssem com mais leveza, que corressem com doçura o teu corpo, beijando-te a pele, mas devem ter pressa de chegar ao Mondego.

Gosto do meu mundo redondo, feito de esferas, pequenos jardins suspensos. Gosto do meu mundo amarelo, e da varanda de onde vejo o teu mundo azul.

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