Cartas do meu moinho

Costumo sair do meu caminho habitual para tirar fotografias e à conta disso tenho conhecido recantos inesperados, estranhos, isolados e bonitos. Nas minhas viagens semanais para Coimbra isso acontece com alguma frequência. Nunca fiquei desapontada! Mas já me perdi, já tive de voltar para trás porque não havia mais caminho, já tive de passar por um rego de água que parecia um ribeiro…

Desta vez subi aos moinhos de Gavinhos já perto de Penacova. Andei quatro anos a olhar para o cimo do monte marcado pelo perfil de moinhos de vento. Olhava à vinda e olhava à ida, mas nunca consegui perceber como se chegava lá em cima. Desta vez, com a máquina pronta, resolvi-me. Não havia que enganar: tinha de sair do IP, virar à esquerda e subir ao monte. Lá fui, lá cheguei. Conduzi por ruelas estreitíssimas no meio de uma aldeia, de duas aldeias, por estradas ladeadas de eucaliptos, a subir, mas quando cheguei os horizontes abriram-se. Lá estavam os meus moinhos, durante tanto tempo vistos de longe. Pareciam velhos, mas as cores eram quentes, mais ainda naquele céu de quase trovoada. Fotografei bastante, comi a fruta e bebi o iogurte sentada numa pedra e cheguei atrasada a Coimbra. Mas nunca me importei muito de chegar atrasada a Coimbra…

Cartas do meu moinho (1869), de Alphonse Daudet, foi o título que logo me veio para este artigo. Pareceu-me adequado… ou apenas familiar. Agora, depois das fotografias, mais familiar ainda. Espero que gostem e que visitem.

5 opiniões sobre “Cartas do meu moinho

  1. Ai, Sara! Caminhos velhos…
    Quis lá voltar faz uns anos, numa das visitas a Portugal, para mostrar ao meu marido – mas como encontrar os caminhos velhos no labirinto das novas estradas? Nem para a minha aldeia os consegui encontrar facilmente (e eu que cresci por esses vales, e comi pão da farinha dos moleiros de Gavinhos…).
    Fotografias lindas, como sempre. Obrigada.

    1. Sofia, espero que voltes e que encontres motivos que te agradem. A fotografia será sempre um dos meus temas preferidos! Mas gosto de enquadrá-la e dar-lhe palavras. Deve ser a minha veia barroca e horaciana do ut pictura poesis!

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