Continuo a fotografar flores quase compulsivamente… mas é curioso lembrar-me agora que nunca achei particular graça a fotografias de flores. Enquanto focava umas coisinhas brancas minúsculas, que não teriam mais de cinco centímetros, penso que percebi o porquê! Os grandes planos que me fazem perder o contexto da flor assustam-me… As cores e as formas tomam contornos abstractos e, pelo contrário, eu preciso de saber que cada flor tem um caule, folhas, espinhos, e que terá florido em algum lugar. Preciso da história da flor. Revi as fotografias anteriores e encontrei essa história. Mas deve ser só com as flores porque eu gosto mesmo de descontextualizar os objectos e dar-lhes dimensões insólitas, colocá-los em histórias só para eles, arrancá-los bruscamente da rotina.
A maior parte das vezes surpreendo-me e crio mundos só para mim… Como este.

Vi várias vezes o filme ” O Último Samurai “, um dos melhores que vi na vida. O período que Nathan Algreen passa obrigatoriamente na Aldeia dos Samurais é extraordinário. Por várias vezes, neste período de transição da primavera para o verão, o Grande Katsumoto fala ao estrangeiro na poesia eternamente incompleta que tenta escrever acerca da beleza das flores. As imagens que caracterizam estes pedaços do filme mostram-nos flores lindíssimas. A partir do Ultimo Samurai não mais deixei de reparar em flores.
Obrigada pelo teu comentário, José. É também dessa beleza que gostava de falar. Fico feliz por partilhá-la. Abraço.