A organização do evento consome tempo, mas a intertextualidade começa a ser um problema que me apaixona:
Tereza Batista e outras guerras.
RESUMO
Tereza Batista cansada de guerra, romance de Jorge Amado, publicado em 1972, constitui uma longa narrativa centrada sobre os infortúnios, os sucessos e venturas de Tereza Batista, que se vão desenrolando pelo Recôncavo da Bahia, espaço também ele revestido de algum protagonismo. Trata-se de um universo diegético extremamente elaborado, cruzando diferentes tempos, espaços e personagens, caracterizado por uma polifonia de interessantes efeitos estéticos.
Neste trabalho, pretenderei analisar como, nesta estrutura narrativa complexa, na senda das mais significativas obras de uma fase de Jorge Amado que passou para além do estrito neorrealismo, confluem e se cruzam ecos de experiências de lirismo, sátira, extravagância, exemplaridade e moralismo anteriores, num claro efeito de memória, de reconhecimento e de releitura. Numa recuperação consciente ou não de temas e formas, consubstanciados em textos que se tornaram repositório e modelo para a literatura posterior, uma “biblioteca anterior”, portanto, Tereza Batista cansada de guerra pode apresentar e validar relações intertextuais inesperadas e fulgurantes, mas fundamentadas e dinâmicas, capazes de conduzir eficazmente a novos sentidos e a diferentes efeitos estéticos.